Segundo matéria publicada no jornal O globo, os restaurantes
da Dias Ferreira no Leblon estão enfrentando problemas porque não possuem o
alvará de acordo com a finalidade a qual se destinam. Não fazem parte deste
grupo o Sushi Leblon, o Zuka, Sawasdee, Manekineko e La Mole. O ex-prefeito
Saturnino Braga sempre se preocupou em evitar o adensamento excessivo do
bairro, que é muito pequeno, e conhecedor do profundo desastre dos outros
bairros, assinou um decreto municipal 6.115, limitando a abertura de
restaurantes no bairro.
Os empresários aterrissaram no Leblon vislumbrando
excelentes negócios na área de bares e restaurantes, não se preocuparam em observar
a legislação, até porque a confiança no jeitinho brasileiro é enorme.
O jeitinho acabou chegando, a prefeitura concedeu as
licenças na base de atividade similar como bar, lanchonete e pizzaria, tentando
evitar maiores prejuízos para os empresários. Como quase tudo que é feito na
nossa cidade tem o timbre do imediatismo, parece que não resolveu o problema,
causando até um mal estar a atitude do governo de remendar leis. Sinceramente,
as leis aqui no Leblon precisam existir com clareza e para valer, evitando a
degradação ambiental como mencionei na última postagem.
Na realidade, o restante dos estabelecimentos funcionam na
ilegalidade, fazendo-se necessário a revisão do decreto, pois do jeito em que
os restaurantes estão funcionando correm o risco de serem multados ou precisarão
efetuar o pagamento da conhecidíssima propina. Não é recomendável que a licença
do estabelecimento seja de lanchonete onde funcione um restaurante. Com base em
experiências passadas, sabemos que onde uma infração é ignorada o surgimento de
outra é facilitado.
A bagunça legislativa impera nesse logradouro, mas segundo a
reportagem recente no jornal O Globo, a Rua Dias Ferreira seria a joia da coroa
do Leblon, vou me permitir discordar dessa afirmação. Considero essa rua desprovida
de encanto, o esgoto corre solto e as tubulações se encontram à beira de um
ataque de nervos. Não há a menor preocupação com a parte ambiental e a paisagística
anda há léguas de distância. Os bares colocam suas mesas e cadeiras impedindo a
passagem de pedestre. A parte de exaustores falha e o cheiro de gordura banha o
ar. A desconsideração com os moradores impera. Estamos chamando de joia para
quem?
Em relação aos restaurantes, vou tomar como exemplo o Zuka e
o Sushi Leblon de propriedade da senhora Carolina Gayoso que preside a
Associação Comercial da Dias Ferreira. Esses dois recintos gastronômicos possuem
bons chefes, porém os projetos arquitetônicos executados nas fachadas dos mesmos
são desprovidas de qualquer encanto, fico até com vergonha de dizer que são
muito feios mesmo, contribuindo para descaracterizar mais ainda a Dias Ferreira,
tornando-a desagradável.
Os interiores funcionam como manda a moda atual, maior
receita e menor conforto para os clientes, pois as mesas são juntinhas ganhando
espaço e tirando completamente a privacidade. Geralmente vamos a um restaurante
por um programa social ou profissional e não só para comer. Um ambiente
agradável, do ponto de vista visual, e acolhedor justificaria a graduação que
ele tem. Conversar parece proposta inviável, não há exigência de tratamento
acústico e o barulho é ensurdecedor.
Não podemos esquecer que o preço não é barato, e para o que
oferece considero caro. Posso até entender que os espaços são pequenos e os
aluguéis são apimentados, mas é duro se contentar com qualquer coisa. Sobre o
restaurante do chefe Troigros prefiro nem falar, tamanho o desleixo. Na minha apreciação, o Manekineko, embora avançando
intensamente na calçada, o Sawasdee e o Celeiro, apresentam um ambiente
agradável sem interferir agressivamente no ambiente e por incrível que pareça
até o La Mole é bem arranjadinho.
Vivemos um dilema, ou seguimos leis que não se adequam mais,
por isso vivem sendo remendadas ou simplesmente ignoradas, ou então teremos
novamente que mudar as regras do joga com a bola rolando. Entendo que as leis
sejam passíveis a mudanças, que a realidade da rua de 1980 não é a mesma de
hoje, no entanto o Leblon está constantemente envolvido nessa excessiva troca
de regras. Tomba-Destomba, APACA-DESAPACA, toda hora se modificam as leis que deveriam
reger o bairro e proteger os moradores.
Se mudarem mais uma vez a lei que façam algo duradouro, com
espaço para o futuro, sem pensar no imediatismo de quem agora se sente
prejudicado e que nestes novos alvarás se pense no impacto que os restaurantes
causam na vida população que hoje convive com calçadas lotadas de mesas e
barulheira até altas horas da madrugada. A Rua Dias Ferreira, e o Leblon, não
precisam de ser a joia da coroa, basta que seja organizado com respeito incondicional
pelo meio ambiente.
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