O jornalista Elio Gaspari
afirma que o nosso Prefeito não entende a alma do Rio.
Vou me permitir discordar dessa constatação, eu acredito que
a situação é pior. Nosso alcaide entende muito bem o morador do Rio, porém não
lhe dispensa a menor atenção. Eduardo Paes é trabalhador, e obstinado nas
propostas por ele traçadas, dono de uma ambição poderosa e muito vaidoso. Segue em frente sem olhar para mais nada. Também
a preocupação com arrecadação e o apoio à sua candidatura ultrapassa qualquer
iniciativa referente aos cuidados que o povo dessa cidade merece.
O prefeito é um homem jovem e que poderia ter um futuro político
promissor, não fosse essa tremenda dificuldade em dar ouvidos aos clamores da
população. Em situação de crise, sua impulsividade o impede de dialogar. Basta
ver o ocorrido com os garis, pois além de chamá-los de delinquentes, uma
linguagem imprópria a um prefeito, ainda fez a ameaça de demitir 300
funcionários, voltando atrás e, portanto, perdendo a sua autoridade, tornando-se
refém da classe.
Posso citar muitos exemplos do seu descaso com a população,
vou me deter em alguns: o primeiro é o bairro do Leblon que além de estar sendo
sufocado pelas obras do Metrô que ele decidiu fazer no bairro, apesar de nossas
reivindicações em contrário, não convoca essa maravilhosa COMLURB, segundo
ele, para minimizar a barbaridade de poeira que rola no bairro.
Chama a nossa atenção o abandono ao meio ambiente do nosso
prefeito e, não estou falando só de um pedaço de fruta jogado ao chão, que,
aliás, foi chocante. Desde 2008, a COMLURB é responsável por nossas árvores e
recebe centenas de reclamações sobre a poda e cuidados com elas, entretanto só
agora vai se utilizar um software para executar o recenseamento das árvores.
São oito anos de inoperância, absolutamente sem sentido.
Jornal O Globo 8-3-2014 |
O segundo, no Leblon e também em outros bairros, fica claro
a inoperância da Secretaria de Ordem Pública em relação aos bares. Há milhares
de reclamações, milhares mesmo, não é força de expressão, de queixas relativas
ao escandaloso barulho que vara a madrugada, com pessoas torturando a
vizinhança, obstruindo calçadas, ruas, garagens. Ninguém consegue dormir
conversar ou ver televisão. Essa situação tornou-se tão falada e tão importante
que mereceu uma reportagem no jornal O Globo de 8 de fevereiro de 2014 sobre o
boteco Belmonte da Rua Dias Ferreira.
Irresistível abuso... |
O proprietário dessa aberração, que agora se associou ao
arquiteto Helio Pelegrino, defensor da sustentabilidade (parece piada) se chama
Francisco Antônio Rodrigues que se ufana de ter derrotado todos os seus
concorrentes que possuíam bares no centro, pois diante do seu sucesso,
terminaram por fechar. Chega a doer tamanha insensibilidade. O que é que nós, residentes
desse bairro, podemos esperar desses dois senhores? Para se ter uma ideia da arrogância deles e do
desprezo pelos moradores e pela lei,
após retirar o armário embutido da calçada e enfeitar a parede com plantas, seus
instintos abusivos providenciaram um “puxadinho”
com as plantas para se guardar barris de chope na calçada, bem no espaço
público.
Onde está o poder público dessa cidade que possui dezenas de
secretarias e não consegue nos assegurar o acesso às nossas reivindicações
básicas e justas? Existe falha na fiscalização, será incompetência ou
conivência?
Tenho certeza que, apesar do atraso que caracteriza nossa
cultura, em nenhum lugar do Brasil, esse monumento agressivo à nossa cidadania,
como o Belmonte, estaria funcionando. Se o Prefeito fizesse uso da sua alma, ou
da sua consciência, esse infame boteco seria fechado.
A impressão que se tem é de que os secretários e suas
secretarias não funcionam, portanto a preocupação com um mínimo de qualidade de
vida não parece existir, pois tudo gira em torno das obras e dos malabarismos
que o Secretário dos Transportes precisa fazer para que o trânsito possa fluir
um pouco.
Como contraponto aparece o prefeito de Nova York, preocupado com as 236 mortes no trânsito em 2013, se debruçando de corpo e alma sobre o problema, mostrando a importância que a vida do cidadão americano que o elegeu tem para ele.
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