sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Rua Dias Ferreira: Passa-se o Ponto

O Troigros mesmo com sucesso de público
 não é uma garantia para 2014
O jornal O Globo dedicou, em 14-11-2013, uma página inteira intitulada: Passa-se o Ponto.
A reportagem versa sobre os estratosféricos preços exigidos para as lojinhas do Leblon, sabendo que estas contarão certamente com as calçadas (alias, a prefeitura poderia cobrar IPTU também pelas referidas calçadas desses estabelecimentos).

O que se tem observado, com frequência, é a intensa rotatividade dos estabelecimentos comerciais que ali se instalam e, fatalmente, após pouco tempo se tornam disponíveis para novo aluguel. O óbvio motivo é que receita e despesas acabam resultando em prejuízo.

Foram ouvidas várias pessoas relacionadas à situação comercial do Leblon. A senhora Evelyn Rosenzweig, atuante presidente dessa Associação, deu enfoque ao funcionamento do metrô, a  partir de 2016, como elemento propiciador de muita expectativa quanto à movimentação comercial no bairro. Como consequência desse fato os preços dos imóveis teriam disparado.

Gostaria de abordar outro ponto de vista a respeito da chegada do metrô ao bairro. Existe uma população, tanto na zona norte como na zona oeste, economicamente bem favorecida, que no meu modo de entender gasta até mais que os moradores da zona sul, que obviamente não usarão o metrô. Os mais ajuizados usarão táxi devido a essa maravilhosa Lei Seca, outros trarão seus carros, símbolos de sua ascensão, que serão entregues ao Valet Park que os estacionarão no primeiro buraco que encontrarem. Essa população já frequenta a tão famosa Dias Ferreira.

As pessoas que utilizam o metrô, não existe aí nenhum preconceito meu até porque considero  esse meio de transporte ecologicamente correto, não dispõem de recursos para aceitar os altos preços do Leblon. Precisaremos de muitos anos para que se tenha transporte público de qualidade e que a população consiga deixar de usar seus carros, como acontece em Nova Iorque onde as pessoas saem à noite usando o transporte público, independente da classe social.

Outra pessoa ouvida foi o senhor Wagner Figueiredo, Corretor de Imóveis Especiais, que relata que os preços altos cobrados pelos proprietários não atrapalham porque o mercado no Leblon “vai muito bem obrigado”. Não é essa a opinião de uma proprietária de várias lojas no bairro vazias, há bastante tempo, porque ela só deseja aluga-las para um tipo de comércio que atenda à classe AAA. Ela está certa, pois alugar não é muito difícil, o grande desafio é mantê-las.

A última opinião chamou muito a minha atenção e foi a de um homem simples, mas bom observador. São suas estas palavras: o comércio vive de altos e baixos, pois o pessoal quer novidade. Se não, o tempo passa e o lugar fecha. Ele está falando da inconstância do público que frequenta a Dias Ferreira. Há vários motivos para isso: Por exemplo, são pessoas, em sua maioria, cuja efervescência mental está diretamente relacionada ao estímulo externo, ansiando por novidades, por expectativas que lhes tragam muita emoção e alegria; há também aqueles que gostam de ver e serem vistos no pontos ditados pela moda do consumo. É de se esperar, então, que o estabelecimento novo comece bombando e rapidamente se torne velho e sem graça.


A reportagem mostrou, também, que nosso Prefeito, preocupado com o Leblon, Área de Proteção do Ambiente Cultural, apressou-se em oferecer ao bairro a garantia “da preservação de práticas e costumes do modus vivendi carioca”. Assim sendo, o alvará para o estabelecimento necessita de uma análise da Subsecretaria do Patrimônio Cultural. Gostaria de pedir, ou talvez a palavra seja implorar, para que seja colocada nesse alvará a preservação da pratica e do costume do nosso “modus vivendi” de DORMIR, porque o Leblon além de ser um bairro de bares, também é residencial. 

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