Foto: de Carlo Wrede, "O Dia" |
O problema dos ônibus vai muito
além das transgressões e imprudências dos motoristas. Há uma falha estrutural
das empresas no que se refere tanto aos ônibus quanto aos motoristas. Os
veículos, todo mundo sabe, utilizam carrocerias de caminhão, são sujos e até
baratas podem ser encontradas neles. Também vivemos numa cidade, cujo calor é
senegalês, o que torna o ar condicionado imprescindível. Degraus altos,
desconforto total.
É frequente a informação de que
não há motoristas suficientes e não é difícil encontrarmos algumas causas:
condições de trabalho perversas, distâncias longas a serem percorridas com
engarrafamentos a qualquer hora do dia, no verão temperaturas altíssimas, dublê
de motorista e trocador, horas extras para suprir a deficiência de mão de obra,
salários baixos (como os da maioria dos profissionais brasileiros) e um custo
de vida altíssimo, dificuldades próprias dos seres humanos e, por aí vai. Onde
estão os motoristas? Será que optaram por recorrerem à Bolsa Família?
Diante de tantos problemas, fiquei
surpresa quanto às providências tomadas pela Secretaria de Transportes: o prazo
de um ano para que a Rio Ônibus recicle os seus profissionais. É pertinente a reciclagem dos
motoristas, porém é obvio que a população está percebendo que eles poderão
cometer as infrações que quiserem, pois o emprego estará garantido, não serão
demitidos, pois não há mão de obra disponível. Diante de um fechar de olhos dos
empresários e da falta de fiscalização por parte da Prefeitura, o resultado é o
descalabro.
A Rio Ônibus oferece uma
justificativa ridícula dizendo que, como o percurso dos ônibus é maior do que o
dos carros, o número de multas precisa ser ponderado. Madame Natasha (Hélio
Gaspari) traduziria da seguinte forma: os motoristas tem autorização para matar
porque seus trajetos são enormes.
Outro ponto fundamental, que a
população não se cansa de alertar, é o excesso de velocidade. Tanto faz que
seja na zona norte ou sul, se não houver engarrafamento, poderemos ter certeza
que os bólidos surgirão, ônibus, motos ou carros, tornando um risco o caminhar
dos pedestres.
Os ônibus atravessam a cidade inteira, e
dirigem como se estivessem no autódromo, de modo que a velocidade precisa ser
controlada por equipamentos que serão acionados, quando a velocidade exceder os
limites desejados para o perímetro urbano.
As calçadas da orla ou de
qualquer zona da cidade vivem repletas de pessoas que estão sujeitas, seja por imprevisto
ocorrido com os veículos ou com os motoristas, a serem mortas ou a ficarem
mutiladas. Este fato, não é fruto de paranoia, ele é real e pode ser
comprovado. Será que as autoridades são míopes e não enxergam os acontecimentos
cotidianos de colisões, calçadas atingidas, portarias invadidas , atropelamentos, viaturas
despencando de viadutos?
Pode-se até demorar um pouco mais
nos percursos que fizermos, mas é melhor chegarmos vivos. É fator de estresse
viver em um trânsito tão caótico, sem nenhuma segurança, sabendo que a qualquer
minuto podemos ser vítimas de acidentes graves e até fatais.
A situação é muito grave e nossas
autoridades precisam atuar verdadeiramente, atacando vários ângulos que
sinalizem perigo para a população. A sociedade não está suportando mais o
adiamento de providências urgentíssimas que nos garantam melhor qualidade de
vida.
O professor Paulo Jorge Ribeiro da PUC-RJ disse, e eu o endosso, que não queremos saber de Porto Maravilha e sim de Cidade Maravilha.
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