A barbárie ao vivo |
Estamos falando de uma sociedade
que pauta sua vida no imediatismo, na urgência da satisfação do desejo e de se
obter o que se precisa a qualquer preço, de usar meios ilícitos para a
aquisição de facilidades, de mentir com o objetivo de se livrar das
responsabilidades etc.
Parece que estamos diante de uma
sociedade infantil, pautada no princípio do prazer e na satisfação imediata.
Esse tipo de atitude é inerente a todas as classes sociais e também à classe
política.
Não é difícil, por conseguinte,
perceber a existência de um modo de funcionamento onipotente, autoritário,
dominador, narcísico no qual o outro nos é indiferente ou inexiste. Não há
preocupação com o meio ambiente (o lixo e a degradação ambiental aí estão como
uma prova contundente), com a valorização da vida, com a cidadania, com a ética
e muito menos com a estética. Nada importa a não ser evitar a frustração.
Poderia oferecer centenas de
exemplos, mas vou me limitar a alguns que penso serem do conhecimento de todos.
A
violência familiar: os pais atuais desejam ser igualmente jovens como seus
filhos. Os filhos os desrespeitam e até os ridicularizam, como se eles, filhos,
ocupassem o lugar dos pais. A liderança e a autoridade dos pais acabam
enfraquecidas ou diluídas e com esse desequilíbrio familiar, torna-se muito
fácil a entrada da violência.
O
trânsito: é só alguém reclamar uma ultrapassagem arriscada que, certamente veremos, na melhor das
hipóteses, um gesto obsceno ou, na pior, um revolver.
Há algum tempo
atrás os ônibus ligavam a seta, o (f@d#-$%), e mandavam ver. Agora, são mais
práticos, mesmo que estejamos parados em um engarrafamento, eles vão passando,
arrancando pedaços dos carros, confiantes na sua impunidade.
A
Escola: os professores sempre foram, das categorias profissionais, os mais
respeitados. Frequentemente serviam como modelos a se seguir, funcionando como
figuras substitutas dos pais. Atualmente, são espancados. Sinto uma enorme
tristeza ao visualizar agressões tão violentas, como no caso de violência recente, onde uma professora por pouco não teve a visão prejudicada. Esses espancamentos se dão
ou por discordância de nota ou por não ter o professor acedido à vontade do
aluno. Parece que questionamentos, conversas não cabem mais em sala de aula.
Parte-se para a agressão.
Estamos
vivenciando uma grave crise de autoridade, falta de lideranças confiáveis e
assistindo a impunidade surfando na onda do vale tudo.
Não é agradável
fazermos parte de uma sociedade que, em sua maioria, se caracteriza pelo
desamor, pela falta de gentileza e que está ultrapassando o problema da
educação. Esse modo infantilizado de conviver, denota que está havendo uma
incapacidade para reflexão diante de qualquer dificuldade. A ausência do
pensamento traz consequências e essas consequências atingem também aos
infratores. É uma questão de lógica, se a maioria das pessoas se comporta desse
modo, não há espaço nem conforto condizentes com uma vida de melhor qualidade.
Quando falha a capacidade de pensar falta saúde, paz, alegria. Porém temos de
sobra o stress, doenças físicas, dores no corpo.
É o século das dores e das
drogas.