Não é incomum as pessoas, inclusive os juízes, desconhecerem sentimentos mais profundos e até emoções negativas pertencentes à sua vida mental e que podem influir insidiosamente em seu trabalho.
Triste História |
O Estado confere privilégios a
algumas profissões: deputados, vereadores, senadores e juízes. Os salários
atingem o teto mais alto e são acrescidos de vários aditivos cujo objetivo é promover
uma condição econômica mais confortável e, na pirâmide social, pode-se dizer
que gozam de um vigoroso status.
Atualmente nos têm chegado um
número grande de excentricidades e abuso de poder por parte de alguns juízes,
não que antes arbitrariedades não ocorressem na esfera judicial, mas atualmente,
passaram a ser assuntos que a sociedade vem discutindo por se tratar de
verdadeiras aberrações que vieram a público.
Comecei a pensar nessa profissão
de juiz. Para muitos, a escolha dessa carreira traduz duas
características gerais de quem a escolhe. A primeira, antes mesmo do salário, trata-se
da fascinação pelo poder e pela aura que a sociedade confere aos juízes. A
segunda são as credenciais para tomar decisões em relação aos cidadãos. A causa
a ser avaliada ou a pessoa que cometeu o delito é o outro, dessa maneira o juiz
se tranquiliza porque ao estar julgando está a salvo, acima de qualquer
julgamento. O poder assimilado pelo magistrado suplanta qualquer entendimento
de que ele poderá agir contra a lei e ser julgado também.
Se pararmos para refletir, vamos
entender os juízes como pessoas que ocupam um cargo importante, mas como todos
nós, estão sujeitos às mesmas emoções, algumas turbulências, sonhos, fantasias,
voracidade, inveja e até traumas existentes em suas vidas. Cada um é marcado
por sua história e a maneira como a vivenciara.
Não é incomum as pessoas,
inclusive os juízes, desconhecerem sentimentos mais profundos e até emoções
negativas pertencentes à sua vida mental e que podem influir insidiosamente em
seu trabalho.
Penso que esse é o caso do magistrado responsável pela ação penal contra o ex-poderoso Eike Batista, que diante do
desmoronamento de sua fortuna, com consequentes prejuízos de acionistas, foi
submetido à força da justiça. Começam aí
as aberrações... Cabe a um juiz ser cuidadoso e eficiente no trato dispensado a
uma ação tão séria e que certamente trará muitos desdobramentos.
Surpreendentemente, o juiz em vez de se portar com extrema discrição,
procurando estudar a ação, dirigiu-se à mídia oferecendo a seguinte pérola: “Eu
vou esmiuçar a alma dele. Pedaço por pedaço” e “eles (Eike e a família)
continuam numa ostentação que é totalmente incompatível a quem tem dívidas
bilionárias”. Nesse momento o juiz teve o seu minuto de fama, mas só isso. Em
seu íntimo, veio a pergunta: de que me adianta possuir poder e não conseguir,
em minha vida, acesso a este tipo de fortuna?
Mas seus mais subterrâneos
desejos e sonhos romperam a barreira do real e ele saiu dirigindo um Porsche,
de propriedade do Eike, realizando seu desejo de milionário, ao mesmo tempo que
acolheu em sua garagem, que só podia acomodar um veículo, mais dois carros do caso
em julgamento.
Por algum tempo, sonho e
realidade se fundiram e lá estava o juiz, incorporando a vida e os bens de um
milionário.
Triste história no meu modo de
entender, mas que mostra como juízes deveriam estar, acho eu, mais ciente de
suas dificuldades emocionais de modo que suas ações fossem isentas de quaisquer
desvios interiores e direcionadas exclusivamente aos autos do processo.
Profissões dotadas de tão grande
importância e que causam estresse em demasia deveriam contar com avaliações psicológicas
ou psiquiátricas, como acontecia no passado.
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