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Evelyn e Dudu, tanta intimidade, mas pouco resultado... |
A Sra. Evelyn Rosenzweig, em sua última coluna quinzenal da
Revista Zona Sul de O Globo de 9/10/2013, mostrou-se muito decepcionada com
ausência dos moradores às reuniões, apesar de terem sido convocados.
Podemos pensar que alguns fatores são os causadores desse
absenteísmo, porém o que nos parece o possível é que as duas Associações
raramente terão interesses convergentes, e no meu modo de entender, o fato delas serem presididas por uma mesma
pessoa é até patológico e antiético.
Cito como exemplo os proprietários dos bares e restaurantes
do Leblon: comportam-se, com raras exceções, de uma maneira frenética, tentando
se apoderar do máximo de espaço, disponível ou não que puderem, usando meios
lícitos e ilícitos, degradando o ambiente, provocando desordem, desprezando os
moradores, fixados nos lucros que poderão obter.
Os moradores não são contrários a que os empresários
trabalhem, frutifiquem o seu capital e que sejam felizes, mas não podemos
concordar com a proposta deles de que o céu é o limite, modulando o seu
comportamento como se estivéssemos no tempo das Capitanias Hereditárias.
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Tutti Buona Gente! |
Não podemos concordar com o uso abusivo das calçadas, das
festas particulares dos clientes como se o espaço público fosse extensão de
suas casas, com muita bebida, muito barulho e até carro de som. Não há lei que
seja respeitada. A nossa cidadania está tão atingida que perdemos até o direito
de dormir, já que as baladas, em plena rua, terminam ao raiar do dia.
Nós, moradores desse bairro, bonito por natureza e destruído
com certeza, já mencionamos em postagem recente, as milhares de reclamações
feitas à SeOP sobre esse descalabro. Nada mudo. Poucos fiscais? Talvez. Muita
corrupção? Pode ser. A verdade é que grande parte dos moradores não se sente
representada pela associação ou tem pouca credibilidade em sua função. Qualquer
vitória é de iniciativa pessoal do morador e com muito sacrifício.
Causou-me estranheza que Troigros, dono do sofisticado
Olympe, esteja na Rua Dias Ferreira, no CT Boucherie comandando a mais nova
falta de estética e de ética da Rua, desrespeitando os que aqui residem com a
sua nova decoração: o seu espaço da calçada é cercado por cestos com plantas
medonhas e as cadeiras “aguardando clientes” enfileiradas sob a marquise da
loja vizinha. Um espetáculo degradante. E o que faz a AMALEBLON? Nada...Vale tudo,
afinal a AMALEBLON parece subordinada a Associação Comercial do Leblon.
Acabamos de ganhar mais um presente, o Bar do Tom, na
Avenida Bartolomeu Mitre, vermelhinho, fechadinho e, mas certamente com
clientes em espera na calçada e com serviço de bar os atendendo. Não há mais
discriminação de locais, os bares entram pelas ruas que bem entenderem. Essa
mesmice, de bares, chega ser cansativa, além de provocar a desconstrução de um
bairro residencial.
A pergunta que faço é como poderá a senhora Evelyn,
presidente da Associação Comercial, pleitear junto aos órgãos do governo que se
cumpram as leis e que se impeçam novas licenças? Esse procedimento não deveria
ser difícil ser conseguido pelo bairro, pois já temos o exemplo das farmácias,
que estão proibidas de estabelecerem novas unidades, mas certamente este fato
não se deveu a Associação das Farmácias...
Por três vezes a senhora Evelyn se movimentou. A primeira
foi para evitar que a linha do Metrô atingisse o Leblon, apoiada pelos moradores.
A segunda foi em defesa da ideia de que pequenos ônibus deveriam circular pelo
bairro para evitar engarrafamentos. E a Terceira, sua luta contra a construção
de uma escola, na Rua Timóteo da Costa, local onde ela reside, já que
tumultuaria o fluxo dos veículos e o barulho seria incômodo. Infelizmente
nenhuma das propostas foi concretizada.
O que dizer de nós bombardeados pelo fluxo de um comércio
barulhento que cresce de modo sufocante, já que novos bares e restaurantes se instalam
em qualquer rua, num bairro tão pequeno. E o trânsito? Pelo visto é livre. O
Leblon esta parecendo uma favela, onde cada buraquinho é ocupado por um
barzinho que vira um barulhão. Não temos um plano diretor nem um planejamento
sério que cuide de um bairro que é área de preservação do ambiente cultural.
A Associação Comercial do Leblon deve merecidos aplausos a
Senhora Evelyn, assim como a CAL que esta senhora preside cuja atividade é apoio
às famílias de dependentes químicos que podem ser reunir na região
administrativa. Porém nós moradores fomos relegados ao abandono devido à
contradição em termos a nossa presidente, que deveria zelar pelos moradores,
também defendendo os interesses, em grande parte conflitantes, dos empresários que
tanto nos incomodam e são uma das grandes fontes de problemas do bairro.
Por muitos e muitos anos sofremos com a falta de uma
liderança local inspiradora, que congregue os moradores em prol das causas do
bairro. Sabemos que isso é difícil, mas não impossível. Bem próximo ao nosso
bairro, temos um exemplo de luta e resposta com o apoio dos moradores. Não
basta ficar reclamando nos jornais que os moradores não se interessam por nada,
tem que se entender o porquê da falta de engajamento. Talvez a resposta tenha
um gosto amargo...