“Tem rio cantando, pedrinha rolando,
Mas você não vê
Garoa de prata, chorando na mata,
Mas você não vê”
Esse é o início de uma música feita por uma
senhora, hoje nos seus 90 anos, e desde a sua juventude percebeu a necessidade
de a população deixar entrar em suas veias a beleza de um ambiente bem cuidado
e a leveza de um ar não poluído. O homem e a natureza contracenando de forma harmoniosa,
teriam como resultado uma insuperável qualidade de vida.
O meio ambiente sempre se constituiu, sem dúvida,
um dos guardiões de uma vida física e psíquica saudável. Se a nossa natureza
estonteante já nos ofereceu tanto, a mão do homem deveria se cercar de toda a
sua inteligência e tecnologia disponível para saudá-la, reverencia-la e mantê-la
em plena dignidade.
Próximo às Olimpíadas esse assunto me parece
fundamental. Em um momento em que provas náuticas estarão para acontecer, lamento
profundamente o estado da nossa esplendorosa Baía de Guanabara. É bem
constrangedor oferecer aos atletas mundiais, um cenário degradante e que coloca
em risco a saúde dos competidores.
A agência de notícias Associated Press
divulgou, ao mundo o resultado dos exames que confirmam que existem nessas
águas vírus e bactérias, em níveis muito mais altos do que os desejados, e que
podem contribuir para doenças como hepatite e rotavirus. É do conhecimento público
que alguns atletas americanos sofreram problemas de saúde ao se exercitarem na
baía.
É evidente que a despoluição da baía sempre
foi um desafio, porém quem se candidata a um desafio deve enfrentá-lo e não
maquiá-lo.
Há mais de vinte anos, se brinca com o meu
dinheiro (visto que sou uma contribuinte) e nada de concreto foi efetuado para
devolver à cidade este cenário maravilhoso, ideal para esportes náuticos. Como
seria fantástico a população dos bairros do Flamengo e Botafogo se pudessem
usufruir de duas ótimas praias, abençoadas pelo Pão de Açúcar.
A resolução desse problema sempre se deveu ao
dinheiro, aliás ao tal do dinheiro que nunca faltou quando a proposta é a
construção de qualquer coisa que seja grandiosa, bem gênero Dubai, mas se for
para o meio ambiente ele some. Impossível dissociar ambiente da vida, mas aqui
os dois se assemelham a inimigos.
Thomas Weber, vice-presidente do Búzios
Convention & Visitors Bureau, sugere que as provas sejam efetuadas em Búzios,
belo cenário, acostumado a receber esportes náuticos. Afinal, a cidade pertence
ao Estado do Rio de Janeiro e ainda conta com a vantagem das embarcações e seus
atletas não serem acompanhadas pelo lixo.
Creio que a proposta é bem sensata não há
necessidade de exportarmos para o mundo uma grandiosa baía, beleza natural
extraordinária, contaminada com lixo e esgoto. É melhor que os jogos aconteçam em Búzios, assim evitamos mais um vexame internacional, mas pelo visto eles serão realizados aqui mesmo, negando a realidade.
Será que, se nós passarmos por um vexame
mundial, mesmo assim tudo continuará igual?
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