A passeata do dia 16 deixou clara a
ausência da população jovem. O que fazem
os nossos jovens de hoje tão diferentes da aguerrida mocidade que conhecíamos
há décadas atrás?
A contemporaneidade trouxe
mudanças muito intensas. As pessoas, de um modo geral, passaram a se preocupar
muito mais consigo, o coletivo deixou de fazer parte da vida. O espírito
cívico, o amor pelo país e pelas pessoas que aqui vivem não fazem parte do
cardápio da modernidade. A conectividade produz uma falsa ideia de
congraçamento, mas escapa como um relâmpago.
Acostumados a viverem em um ritmo frenético uma boa parte de
jovens são compromissados com o saber, buscam não só o conhecimento como também
anseiam por um emprego que lhes garanta um salário razoável. Sabem que para
consegui-lo a disputa será acirrada.
Ansiando pela garantia econômica deixam para trás o valor da
vida, da amizade e da solidariedade. A maioria se encontra profundamente
desencantada com a política e escandalizada com os políticos. Erroneamente os jovens se
afastaram e nem desconfiam o quanto precisamos deles para arejarem o infecto
submundo da política. Nem desconfiam que uma sociedade sem líderes competentes
e honestos, preocupados com o bem-estar da população, deságua em um mundo
inóspito para ricos e pobres.
O segundo grupo é composto de jovens universitários ou
estudantes de grau médio que se engajam nos diretórios estudantis, professam
ideologias obsoletas, e passam o tempo nas redes sociais mencionando as injustiças
sociais. Fecham-se nos seus pontos de vista, repetindo que as elites são
responsáveis por todos os males do país. São tão doutrinados que nem
descobriram que o governo que defendem é o grande protetor das elites.
Essa mocidade jamais participaria de uma passeata dita golpista, afinal as
elites estarão lá. Vale notar que a classe média que carrega o país nas costas é “elitista”. Essa juventude é altamente preconceituosos e não distingue empresariado sério de bandidos e
se alguém, como é o meu caso, luta pela preservação do meio ambiente contra a
desordem urbana sou chamada de elitista. As mentes são tão massificadas que
repetem estereótipos não percebendo que, em qualquer bairro, o cuidado com o meio
ambiente favorece a vida.
O terceiro grupo, de um modo geral, pouco estuda, não trabalha,
ou se o faz não tem objetivo de melhorar a vida. Eles podem até saber que a nossa
situação política e social está em plena turbulência, mas o pensamento mágico
funciona: “sempre deu certo porque irá dar errado agora, no fim tudo se ajeita,
já tivemos dias piores”. Com esse discurso aliviam a culpa de não lutarem pelo
país e entregam-se de corpo e alma às praias, futebol, às noites nos bares, buscando
novidades, novos points, o importante é fugir do tédio, afinal vida vazia custa
a passar.
Parece que a juventude não acredita que um país se constrói
no presente e não no futuro. O Brasil sempre foi um país do futuro que nunca
aconteceu. Talvez seja esse o motivo que leva os jovens à descrença. Diferente
do que Charlie Brown Jr. em sua música dizia, é o jovem que não leva o Brasil a
sério.