"Uma minoria organizada não pode mais explorar uma maioria desorganizada"
Foto do jornal O Globo |
Precisou uma turista, vindo do Paraná em visita ao Porto
Maravilha, para se abordar um assunto completamente apagado, mas que é uma
tremenda aberração: a rede de fiação elétrica aérea, completamente exposta. Nem
o perigo dos fios de alta tensão, rodeando nossas cabeças, mobiliza as
concessionárias que só funcionam de olho no lucro.
Dias atrás, em um temporal, a queda de uma árvore trouxe
ao chão um fio de poderosa voltagem, matando um homem. Na telefonia, só de
abordar o assunto dá apagão mental.
Venho fotografando e tratando desses problemas há algum tempo. Os
postes enferrujados estão escorados por vários tubos de outras concessionárias,
todas incapazes de usarem o subsolo, totalmente alheios aos prejuízos que
causam ao meio ambiente e à segurança.
A Light recorreu ao STF para escapar do decreto do prefeito
Eduardo Paes em 2011. O decreto determinava que toda nova obra deveria ter cem
por cento da fiação subterrânea. Uma liminar veio rapidamente favorecendo à concessionária
carioca e às outras operadoras.
Fiquei me questionando qual seria o motivo favorecedor da
alienação ambiental. Será que a beleza natural do Rio, tão comentada, é o
suficiente para amaciar o ego do carioca?
A visão das árvores, tão encantadora, em uma promiscuidade indecente
com o emaranhado de fios, impedindo a visibilidade do céu, a contemplação da
arquitetura dos edifícios, poluindo a natureza, passa despercebida?
Ou será que estamos à mercê de algumas empresas mafiosas que
usam nosso dinheiro sem a devida correspondência de bons serviços? E por falar
em máfia, parece que nós vivemos em estado de sítio, cercados por elas
de todos os lados. Da máfia dos maus políticos à máfia de alguns empresários
delituosos, dos flanelinhas aos milicianos, dos bandidos fantasiados de policiais, que em vez de dar bom exemplo, se beneficiam, ferindo as leis, espalhando
terror, ameaçando a população.
Sem falar nos proprietários de restaurantes abusando das
calçadas, com seus Valet Park obstruindo nossas esquinas. Podemos incluir a
máfia dos traficantes e também a do MST que, pelo visto, possui um exército paralelo.
Todas muito bem organizadas, com forte liderança e bem financiadas. Essas são
só alguns exemplos.
Creio que, envolvidos com a constatação de que nós estamos perdendo
nossa cidadania, assistindo nossos sagrados direitos, descritos na constituição,
descendo ladeira abaixo, sentimo-nos decepcionados, frustrados e muito
desamparados.
A população não tem quem a defenda, então cabe à sociedade civil abandonar
o medo paralisante e se unir, pois o contingente de pessoas decentes é muito
maior que o dos malfeitores. Uma minoria organizada não pode mais explorar uma
maioria desorganizada.
Mesmo que o poder público se encontre refém dos mafiosos, as
leis não devem se tornar objeto de desprezo, lei é o que não falta nesse país, aliás,
repetindo alguém, direi que “o Brasil só precisa de uma lei, com um único
artigo: artigo 1º cumpra-se a lei”. O descumprimento desse artigo é responsável
pela melancolia que toma conta das pessoas. Sem leis não há segurança e a
leniência é cúmplice da violência.
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