Aluno veio do latim alumnus, “criança de peito, lactente, menino” e, por extensão de sentido, “discípulo”. O verbo ao qual se liga é alere, “fazer aumentar, nutrir, alimentar” e contrário ao conhecimento popular não quer dizer "sem luz". Fonte |
Anda patinando em solo pantanoso a resolução do problema que
envolve os cinco milhões e trezentos mil jovens na faixa etária entre 18 e 29
anos os que não estudam, não trabalham e não procuram emprego, formando uma
vasta comunidade dos nem-nem.
As causas encontradas para esse preocupante fato, vão do
governo aos pais, das escolas às empresas. Penso que realmente são Instituições
que não estão cumprindo seus papéis a contento, mas uma delas que, sem dúvida
alguma, encontra-se na base desta pirâmide, agonizando há décadas.
É bastante claro que muitos desses jovens foram criados em
lares onde os pais também não trabalham, não se especializaram em nenhuma
atividade e servem de modelos para as crianças. Esses pais contam com o auxílio
do governo que não só os captura eleitoralmente como também evitam fazer parte
do enorme contingente de desempregados, aumentando as estatísticas que mais
atormentam o governo que é a do desemprego.
No meu modo de entender, a maior vilã dessa tragédia de
jovens ociosos é a escola:
Estrutura física dos prédios deficiente, educação formal
distante da realidade, socialização inexistente, o coletivo superando em muito
a individualidade de cada aluno, ausência de práticas esportivas engrossam a fileira da falta de atrativos
escolares, levando à prática de atos violentos entre alunos e entre estes e os
professores.
A violência é bastante sintomática, parecendo que estudar
virou motivo de muito estresse para os alunos, com conteúdos maciços, acima do
que as crianças possam aguentar, além de professores muito pouco entusiasmados e
bastante exauridos.
Não é possível que profissionais pertencentes à área de
Educação não percebam a grande farsa que estão representando e permaneçam nessa
inércia, deixando os alunos despreparados, vivendo em um mundo cognitivo
fechado, sem possibilidades. Há muitos anos, as professoras formadas no
Instituto de Educação, recebiam de seus pais um anel onde havia uma pedra preta, ônix, com uma estrela incrustada, significando a proposta de levar luz, onde havia
trevas. Acho que, no momento atual, essa metáfora só pode ser motivo de riso.
Torna-se urgente que especialistas em educação pensem que em
um país desta dimensão um currículo nacional, centralizado, falha por não captar as
diferenças e especificidades de cada região e de cada estado. Precisamos dar
maior autonomia pedagógica para que as secretarias estaduais possam moldar
currículos capazes de atender às crianças que residem em regiões tão diversas e
que também tornem possível a experimentação de novos modelos. É preciso transformar
uma escola velha em uma instituição moderna, renovada, que consiga modificar o
tormento a que a escola se transformou não só para os alunos como também para
os professores.
A prova do ENEM
demonstra que o país inteiro tem que se preparar única e exclusivamente para o
vestibular, alienando conteúdos de grande relevância regional. Se os jovens não
se preparam na escola, fatalmente o emprego será difícil até porque as aptidões
não puderam nem florescer, portanto seria desenvolver o que não existe.
Atualmente gastamos mais com o ensino superior do que com o
ensino médio, uma verdadeira distorção do verdadeiro objetivo da educação.
Gastamos mais para menos, mais uma vez o estado brasileiro é um Robin Hood às
avessas, tirando dos mais pobres e dando aos mais ricos.
Não consigo parar de me estarrecer quando os candidatos a
todos os cargos eletivos se propõem a cuidar da educação, repetindo
maquinalmente suas promessas de verbas, de horário integral, creches e nem
param para pensar no besteirol que estão prometendo, sem se dar conta de que o
sistema educacional está no CTI.
Não dá mais para tampar o sol com a peneira porque os
resultados aí estão: baixíssima eficiência do primeiro grau ao ensino médio,
atingindo a universidade. Doutores que redigem mal, que não sabem pensar, que
não tem crítica, que grunhem em vez de falar, mas que cursaram o terceiro grau
para satisfazer os traumas do ex-presidente Lula.
Uma vida mental pouco criativa, sem interesses intelectuais
e com excesso de ansiedade são presas fáceis da interconectividade, que dá a
impressão de muito conhecimento imediato, mas sem nenhuma profundidade e que são
deletados na próxima esquina, um simples acúmulo de informações inúteis para a
aquisição de um pensamento conceitual.
Quando se negligencia a educação, o resultado é o que
estamos presenciando: o despreparo para o trabalho, já que os jovens leem mal,
escrevem mal e não têm um mínimo de capacitação técnica para o trabalho, sem
falar no despreparo para a vida.