GOLPE DE MESTRE |
Segundo notícias veiculadas nos jornais, a invasão do terreno
da Oi, no Rio de Janeiro, havia sido planejada, fato que me parece bastante
plausível, dada a rapidez com que as pessoas construíam barracos e alojavam
seus pertences. O Prefeito declarou que aquela multidão não representava a
população pobre da cidade, nem os sem teto, simplesmente se tratava de
arruaceiros.
Como era de se esperar,
a Oi acionou a justiça, pois uma propriedade particular estava sendo tomada por
um bom número de pessoas que se intitulavam “sem teto” e resolveram se apossar
de um.
A chegada dos policiais não intimidaram os acampados, ao
contrário, trataram de se defender jogando pedras nos policiais, a moda dos
garotos árabes na faixa de Gaza, achando-se como sempre acontece nas invasões,
em pleno exercício de defesa dos direito humanos.
Após um bom tempo,
foi sugerido que se procedesse a um cadastramento, pois era importante saber as
reais necessidades daquelas pessoas, com o intuito de se viabilizar a ajuda, caso
necessária. A proposta não foi aceita pela maioria que acabou por se dispersar,
sendo que cerca de duzentas pessoas optaram por se prostrar à porta da
prefeitura. Através de um representante do governo buscava-se um entendimento.
Como os invasores não encontraram o que realmente buscavam, muitos desistiram e
debandaram.
Entretanto, cerca de oitenta remanescentes dessa desordem
que se instalou na cidade, capitaneados por um líder, dirigiram-se para a
Catedral e, num verdadeiro golpe de mestre, acamparam na parte destinada ao
estacionamento. Posso imaginar a saia justa em que a Igreja foi colocada, pois
ao mesmo tempo em que se coloca ao lado dos pobres, não costuma se aliar a
arruaceiro. O representante da Igreja declarou que nada poderia fazer porque se
tratava de um problema da alçada do governo, estadual ou municipal. É
importante notar que de novo invadiam uma propriedade. A agenda da Catedral
precisou ser modificada.
Os banheiros da Catedral ficaram abertos por motivos óbvios
e as pessoas ali se instalaram. Coube ao líder do movimento a declaração de que
estavam sendo alimentados todos os dias, havia almoço e jantar. Os doadores
foram Ongs, monges, freiras, pastores e, como não podia deixar de ser, os black
blocs. Havia água, suco, cestas básicas e distribuição de ovos de páscoa para
as crianças. Quem será que se habilitaria a sair desse local?
Não sou contra ao exercício da caridade, muito pelo
contrário, sou contra grupos orquestrados principalmente por maus políticos que
provocam tumulto e desordem, e não estão nem um pouco preocupados coma
população. Em ano de eleição, sempre surgem esses paladinos das causas sociais,
tentando aparecer a qualquer custo.
Nada se sabe a
respeito dessas pessoas, se exercem algum tipo de trabalho, se estão
desalojados de suas moradias, se estão impossibilitados de executar alguma atividade
por doença física ou mental ou qualquer outro motivo. Ou será que fazem parte
do grupo dos nem-nem (nem estudam, nem procuram emprego e nem trabalham). Simplesmente
a generosidade inconsequente do carioca tratou de ser bem eficiente.
Será que os trabalhadores que passaram a pertencer à famosa
classe média que anda impulsionando a economia do país, como dizem e, que
recebem R$1500.00 ou pouco mais por mês, estão achando alguma graça nessa cena
ridícula? Será que puderam oferecer chocolate à seus filhos? No Brasil, se
ferra quem trabalha sério, duro, acorda cedo, pegando trem, trânsito e etc, já
aqueles que são posseiros, grileiros e arruaceiros, sempre se dão bem. Não
somos um país sério.
Constantemente tenho me referido aos salários baixos, às
discrepâncias entre o custo de vida do Rio e o que se recebe por mês, ao
gigantismo dos impostos que vão para o bolso de políticos marginais que estão à
beira de destruir o desenvolvimento do país, ao pouco atendimento que os
governantes oferecem aos cidadãos etc. etc.
Constantemente cito o meu bairro, Leblon, onde resido há
anos, entrando em decadência vertiginosa e acho que não devemos e nem podemos
ficar passivos. Sou inteiramente a favor de lutar, mas de forma pacífica,
jamais usando qualquer tipo de violência. Não existe nada mais perigoso e
ameaçador para qualquer político do que a população nas ruas, mas de forma pacífica.
Eles, os políticos desonestos,
vibram quando os Black Blocs chegam, sentem-se tranquilos, porém enchem a
Assembleia quando a passeata é pacífica.
Precisamos lutar pelo nosso país sim, pela nossa cidade,
pelo direito de nos apossarmos de nossa cidadania perdida, porém de uma maneira
civilizada, evitando qualquer atitude que coloque em risco o patrimônio público
ou privado, respeitando a imprensa em vez de promover arruaças ou se comportar
de modo ridículo, fazendo papel de palhaço.